20.3.06

Pela caixa não há problema… Rogério chô, chô, que a tua zona não é esta, pega mas é na vassoura, ouviste? Ai!

Zé, põe uma cara mais asseada que isto não é o Biafra…

- É entrar… É entrar… Senhoria…

19.3.06

Faça o favor... faça o favor...

Sra Dona clienta...
Parece-me que vamos ter nova cliente no Tróia. Rogério, limpa-me esse balcão...
L, fica atento à caixa... Pede ao músico que traga uma cadeira limpa...
Parece que há alguém à porta...

Olha quem ela é!!!
A Ana C.! Encore bien que je te retrouve... avec alors par ici??

12.3.06

Eu bem queria...

mas não sou capz de te responder à la lettre.
Um Vate deste calibre, e a mendigar um prémio Nobel...
Uma lágrima aflorou à minha retina, mas... recuou, quando me lembrei do "olarila" e das tuas referências implícitas a um tal filme sobre quebrar galhos atrás das montanhas, tradução em inglês vernáculo! Nem quebrar galhos, nem referências ao "atrás" são recomendáveis neste contexto.
Mas uma pessoa pode emocionar-se, mesmo um Vero Uomo, desde que não fungue alto... Ora aí me estás tu a imaginar, manga do casaco em riste, óculos Boss, a disfarçar o pingue nasal e o corrimento retinal (ele há imagens que, por mais que me esforce, descambam sempre para metatextos...)
O que se retém, na retina ainda aguada, é um verbum corrido, inspirado, de um só fôlego, provavelmente escrito em pé, qual Caeiro (ainda ninguém espreitava uma oportunidade, atrás da tal montanha!).
...(didascália)...
Eu ia, agora, comer um arroz de chouriça, e se continuo com o rasoado, só me restará o cereal, que não o enchido. E como, de palonczs está o mundo cheio, não quero que digam que há mais um em Penafiel. - Moço! Chega de chouriça! Tira arroz que te faz bem, a ti, que ainda estás a crescer...
Porra, L, espera aí um pouco, bebe mais uma superbock que eu já venho!

11.3.06

Estou siderado. Zé, pá, tu foste capaz de sair da pacata Amorosa, Areias de Portugal de onde miravas Terras de Espanha, para uma surtida temerosa a A Guarda? (Não é catarro, é mesmo assim).

Proeza tal nem as vertidas no Mio Cid ou na Chanson de Rolland.
Um perfeito gentilhomme, um caballero guapo que arremete qual Geraldo Sem Pavor contra o arqui-inimigo… E, ainda por cima, baila e faz versos que o Guilhade não desdenharia. Je suis complètement abasourdi.

Tudo com a naturalidade e o desprendimento de um Quixote. Assim é que é! Olarila! (Para os mais distraídos: este “olarila” não é chamar nomes a ninguém, até porque ainda não fui ver o Brokeback Mountain).

Vai daí, se o vate imortal, o Luís, que não pagou nunca à CGA e, mesmo assim, ia ao Paço sacar a reforma, epicamente, cantou feitos bem menos valorosos, eu - que tenho as quotas em dia -, não poderia deixar de fazer o mesmo para que a posteridade venere, amigo Zé, a tua bravura.

À tua glória ( - Chapeau, com a devida vénia)


Deu sinal a trombeta gallegana,
Alerta, infeliz, retumbante e aflito;
Ouviu-o o monte Artabro, e o Sebastião
Basco atrás do balcão escondeu o peixe frito;
Ouviu-o o Minho e a terra a A Guardana;
Carpem as lampreias cambiadas por marisco;
E o Remos, logo que o Penafidelense percebeu,
Dos fundos pilares até ao tecto estremeceu.

Quantos rostos ali se vêem de rubra cor,
Que à cabeça acode o marufo amigo!
Que, nas sedes grandes, o secão
É maior muitas vezes que o castigo;
E se o não é, parece-o; que o ardor
Faz olvidar ou mofar da dura videira
Faz não sentir que é perda grande e rara,
Da cuidada cautela, da vida cara.

Começa-se por mordiscar a belíssima vieira;
Dos calamares e das gambas já nem se fala;
Uns com pallillos à azeitona miram-na certeira,
Outros não perdem as esperanças de ganhá-la;
Logo o grande Zé, em quem se encerra
Todo o valor, primeiro a assinala:
Espeta-a, e a toma, e a oliva enfim saqueia
Aos que a tanto desejam, sendo alheia.

Já pelo espesso ar se escarafuncham os dentes
Cascas, caroços de vários tipos voam;
Debaixo dos pés duros dos conviventes
Lateiros, sujo o chão, os copos soam;
Espedaçam-se as facas; e as frequentes
Quedas coas duras costas, tudo atroam;
Recresce a cerveja sobre a já rouca
Gente do fero Zé, que a acha pouca


Eis ali seus seis pallonsz que com ele vão,
Dos que paredes roçam mas renegam da secura
Que aos valentes copázios dizem nunca, não,
Por muita dor no rabo lhes cause majestosa soltura.
D’entre estes arrenegados do cristal líquido alguns são
Magnos amantes que não da viticultura
Gente extrema e diferente se não venérea (caso estranho!)
Que os demais desconsideram sem arreganho


Ó tu, que bebes água, ruim que vem do cano,
Como se fora vinho, e vós outros dos tratantes,
Que bebeis coca colas , com profano
Estômago, capazes de negar lavagantes,
Se lá no reino escuro de Sumano
Receberdes gravíssimos laxantes,
Dizei-lhe que também dos Portugueses
Alguns tredores houve algumas vezes.


Já etilizados alguns dos nossos no chão histéricos,
No Remos tantas e copiosas cañas a eles vão!
Está ali Zé, que fero se vai aos ibéricos
Jamóns qual fortíssimo leão,
Que cercado se vê de callos pindéricos
Que os campos hão-de adubar de qualquer galegão:
Perseguem-no com favadas, e ele iroso,
Torvado um pouco está, mas não medroso.


Com torva vista as vê, mas a fome
Canina e a gula não lhe compadecem
Que de fraco se dê, mas antes no abdome
Às favadas se arremessa, que recrescem.
Tal está o valoroso, que se não come
Fica com do caraças grande traça; ali perecem
Alguns dos seus, a quem o empanturro
Os faz comer não como gente mas como burro.


Sentiu o Penafidelis que algo se passava
Logo acorre que, como sábio capitão,
Tudo comia e bebia, e a todos dava,
Ora favas, alubias e se sobrava, jamón.
Partindo com a faca, afiada tal clava,
Para os hambrientos morcilla de Léon,
Sentiu que, enquanto pasto lhes buscara,
O solomillo al viño tinto se lhe furtara;


Pára, raivoso, e freme, e com bramidos
Os comensais do Remos atroa e abala:
Tal Pantagruel, fita os outros encolhidos
Do seu furor, escorrendo aceite, assi fala:
—"Ó companheiros, ó colegas já torcidos
Lateiros, a quem nenhum se iguala,
Comei vossas morcelas, que a esperança
De morfes e de tintol encha a vossa pança.


—"Vedes-me aqui, esfomeado como vós, e companheiro,
Que das gambas, e setas, e do salmão
Atrás corro e vou primeiro:
Mas, pá, comei também pão!"—
Isto disse o magnânimo lateiro,
E, sopesando o garfo numa só mão,
Com força tira; e, deste único golpe,
Desaparece o último escalope.

Eis todos acesos novamente
Que o secão a todos ateia forte fogo,
Sobre qual mais uma cerveza valente
Acalmará o vencedor do jogo,
Que porfiam: quem bebe mais aguardente;
Vomita-se pelo chão, uns traques logo:
Assim estão e chamam o gregório,
Que já não pola sentina senão polo mictório.


Muitos vão, atrás dos postres, ao profundo,
Têm os pallonsz perpétua fome
Dos cremes que dizem não são deste mundo.
E chegada a hora de pagar o que se come
Paga o Zé ainda que furibundo,
Enche o peito de orgulho que o consome
Mas vale que a sublime bandeira Castelhana
Foi derribada aos pés da Lusitana.

8.3.06


SLB, SLB, SLB
GLORIOSO
SLB
GLORIOSO
SLB
Mandem vir que pago eu!

5.3.06

Não perdes pela demora...

Já estou a aprender a falar catalão: nons tends nads qu sabers! Vês que é fácil??
Até eu estou espantado. Já me sabia com queda para aprender línguas, mas assim tão rápido...
De qualquer forma, e enquanto não aprendo a colocar o hipertexto dos locais que visitei nestas férias (é só desculpa para não ter de reconhecer que, de todos os sítio aonde fui, nenhum tinha publicidade na internet), sempre te vou dizendo que:
Fui comer uma lampreiada, a Caminha, chez um palonsz que les fabriques quasi des borls (está a ver que já não me sai o catalão, pá!). Esse chamava-se Sebastião (Basco, talvez), não tinha Internet mas tinha Ciática, e acho que também tinha Pé chato, o que vale quase o mesmo!)
Depois (bem, prepara-te) fui, com uns amigos (já não tan paloncses que me obrigaram a pagar forts e feís!) a Espanha!! Olarila. A A Guarda!!! Não estou gaguejando, caro amigo. Ufa que estava a ver que não conseguia pronunciar, tal a emoção! Ao menos escrevi direito.
Não era o Quatre Gats mas andava lá perto: era o Remos. De Marisco a la plancha, e de perceves (era mesmo), e de gambas e de vieiras (não as do Sant'Iago) e de calamares, e de cerveza, e de pán.... Rogério, se me leres, não penses que esta mania de partitivo seja para esclarecer melhor a porção diminuta do pouco em quantidade... É mesmo purismo linguístico!)

Bem. Já que não me mostram as vossas T-shirts, vou mostrar-vos eu um poema que fiz, depois daquele repasto:

Me fuí a los Remos, ai
Me fuí con amigos, pués
pero non habemos bailado, sob aquestas avelaneiras frolidas
porque chuviscava, y non habia amigas disponibles...
pero vontade non nos faltava...
ledos, que estuvímos, com la "remada"...
Ai...

Nota do poeta: a semelhança com ramada é pura coincidência...

O refrán era cantado por todos, em coro, claro!

Pessoal.
Quando é que o Tróia muda de gerência, faz umas tapas, com ou sem Gats, e nos arranja cerveizs des palaus... E quando chegarão alguns palonczs que nos queiram pagar um copo?
Até a superbock tem mais encanto, pronunciada em catalán.
À vostr saluds

2.3.06

Barcelona

Regressado ao nosso café verifico que nihil sub sole novum* apesar da gerência ausente. Antes assim. Pois, eis que regresso, exaurido física e financeiramente. Diria mesmo que relativamente à última questão até estou enjoado de gastar dinheiro.
Los catalans que ladrones son! Bem, mas não vou agora deliciar-vos com as tradicionais chatices sobre Barcelona, cultura, gentes, monumentos, etc, pois adivinho já os vossos pensamentos: “ - O L pensa que nós não temos televisão em casa, que nunca vimos o Camp Nou, que não lemos para saber quem é o Ronaldinho Gaúcho, o Deco, que cultura táctica tem o Rijkaard?”. Pois é! Temos ouvidos e lemos não podemos ignorar… Falar-vos-ei antes de sabores, de paladares… Uma cidade, um povo, uma região conhecem-se pelo que se bebe, pelo que se come…
Eu poderia ser como o Rogério que em chegado a Paris logo confessa ter saudades da comida portuguesa e até conhece um patrício que tem um restaurante muito jeitoso, numa rua meio escusa ali para os lados de Montmartre que serve uns bolinhos de bacalhau à maneira e com preços também nacionais. Os palmiers, os napoléons, atacam-lhe a figadeira, diz ele…
Eu poderia ser como o Zé, afogueado, um fio de azeite escorrendo pelos queixais abaixo, o pedaço de broa numa mão, ûa sardinha na outra e remexendo o carvão (lá vem a história das três mãos) com vontade de arremeter contra o gajo que este ano lhe traficou o sardinhaço pouco gordo mas a preço de santola. E tanto adianta os filhos reclamarem como não: - Ai vocês não gostam de sardinhas. Se calhar querem ciclóstomos, não? E os filhos, à cautela, comem as sardinhas todas assustados com a perspectiva dos ciclóstomos que não sabem o que é.
Eu poderia ser como vocês mas não sou. Não é que na rua, em Espanha, não finja que estou a tentar decifrar o que são buñuelos de bacalao ou cazuelita de mejillones frente às tabuletas dos restaurantes quando, na verdade, miro lo que està pasando con las cifras en euros à la derecha. Nesse particular, Zé, Rogério, somos todos iguais. O problema não reside aí. O problema reside em mis muchachas (mujer e hija). Si les gusta algo logo quieren algo e aí nada a fazer.
De modo que, apesar de mis miradas tristes por las cifras de la derecha en las tabuletas, sou obrigado a entrar.
Pronto, levo-vos comigo até aos Els Quatre Gats para uma cervejola. Por onde Picasso andou, L. beberricou (lembrem-se que eu não bebo, beberrico). Cerveja fresca, vinho ao copo, vale pelo espírito…
Aberto o apetite, aí vamos nós até ao 7 PORTES. Se algum dia por lá passarem aconselho-os a usar a vossa cara de andar ao domingo para não dar aquele ar foleiro, de filhos dilectos do infortúnio, ar de quem parece que se lhe matou o porco, porque, de repente, podeis encarar com alguém e acabareis por desconsiderar este vosso colega que tanto se esforçou por deixar boa impressão. Especialmente para ti, Zé, não fica bem erguer o copo bem alto e exclamares à maneira do Fernando: “- Que pomada!”. E tu, Rogério, nunca brindes com água nem peças, ainda que disfarçadamente, uma Coca-Cola para fingir que é vinho. Para começar por favor nada de tentar gozar o empregado com as habituais perguntas do género: “Camarero, tienes carniero?” ou se sabe tocar castanhuelas. Zé, isso é aceitável quando vais da Amorosa a Tuy ou ao Porriño e entras na bodega da esquina. Ali não, por favor. Podeis pedir uma Paella de bacalao já que não conseguis compreender o resto. Tu, Rogério, que andas preocupado com o que a malta possa mandar para a veia, não julgues que Pan de coca con tomate é aquilo que à primeira vista pensas ser e dizeres que para ti pode ser sem tomate. Bom…
Para cear, no outro dia, poderemos ir até ao “Real Compañía Cervecera Casa Fernández caem sempre bem. Umas morcillas de burgos, umas patatas bravas, pimientos de padrón, uma ensallada de queso de cabra, um arroz com bacalao, tudo acompanhado com cervejame à maneira. Não está mal.

Bem, vocês querem tomar alguma coisa? Uma francesinha à Tróia? Não vai mesmo nadinha?


* Tradução para o Jorge Humberto se algum dia vier a ler este texto: “Nada de novo ocorreu na adega subterrânea (sub sole – subsolo); quer dizer que a garrafeira, o vasilhame estavam em ordem.