14.5.06


...E eu aqui a enxotar moscas...

Ainda hei-de procurar saber, sem dar nas vistas e sem levar nas ventas, como diz o povo, COMO É QUE UNS GAJOS VÃO E OUTRO NÃO, PÁ!
Como é que uns gajos podem e outros não.
É porque o meu carro não tem GPS? É? Então vou pedir a um primo meu que tem um tio na Alemanha e que os compra baratinhos. Parece é que só hablán castellano, o que até é uma vantagem. Já posso ir a Salamanca, cuño...
Eu tenho andado, por perto, sempre em formação, a dar e a receber (peer to peer, estás a ver).
Ando com o credo na boca, agora já vês a minha vida.
Mas gostei que tivesses ido a Olivenza! Eu ainda não consegui ultrapassar a humilhação. Subi do Algarve à Amareleja mas o veículo estava quase a arder, por causa do calor, que desisti de avançar! E depois, nisto, de a gente se pôr de cócoras, que é como quem diz, ou se tem coragem ou não...
Espero que eles não tenham percebido o que tu lá foste fazer, L...: sondar a populaça, auscultar o alcalde, tomar o pulso das forças vivas para fazer uma nova guerra de Troia! trocar a clínica de Santa Cristina, em Badajoz, onde nascerão os nosso bebés, pela clínica de Olivenza. E aí, quando os Espanhóis acordarem... zás! Já somos mais do que eles. Passa a ser nossa! É de mestre! !
Claro que depois o meu GPS não me servirá em Olivenza, o que é uma chatice...
Enquanto tu vais viajando, e mandando-me uns postais (que nisso tu és BOM!) eu vou moinando e mandando uns bitaites de plataforma em plataforma.
Como diz o outro...
"Faço música pró povo
E tu povo retribóis
Tu me inspiras sustenidos
E bemóis"

O meu copo já foi, sem esforço.
Numa altura destas, escrever mais de 5 linhas, é obra!!!

Vale!

Nota: não sei se a tua perspicácia se deteve, ainda que por breves instantes, na cor do título! Foi mais uma blague...Não havia necessidade...


12.5.06

Ne dubites, cum magna petas, impendere parva

Ó Zé

O tempo corre depressa e estes últimos tempos têm sido uma trabalheira que só te digo. E “ao pé do trabalho é que se espera pelo tempo” dizem os alentejanos.

Tenho passado pelo Tróia, espreitado pela vitrina para ver se está lá alguém mas, entrar, não tenho entrado.
Tu, ao menos, faça sol ou chuva, és de cepa antiga, homem de hábitos. Os outros por onde são? Devem andar por aí, de fato domingueiro, aprumados, ar nonchalant, preocupados com o devir, de tempos em tempos mandam uns bitaites acerca dos tempos que já lá vão mas aparecer é que não. Raio de gente, pá… Haja saúde e que sejamos felizes! Esta é, seguramente, uma das recompensas boas da vida: estarmos vivos e bebermos à amizade! Gracias a la vida!
Pois uma das razões porque não apareci foi, imagina, foi por ter ido uns dias ao Alentejo. Já te vejo boquiaberto: - Quê? Ao Alentejo?!!! E então… e… e Espanha?!!!
Zé, companheiro, fui ao Alentejo mas fui também de aguada a Olivença.
E tu: - Mas, mas, Olivença é Portugal?!!!
E eu: - Zé, amigo, para mim é Tierra de Nadie. Mas sossega que esta praça, leia-se – este teu amigo, resistiu galhardamente às paellas de carne, paellas de peixe, paellas de gambas... Nem um café. Ali, ter que explicar aos tios que café é "sin leche", “sin hielo”, “sin pellos del pecho del camarero” quando, se fôssemos nós a mandar, bastaria pedir uma bica… Dei, a volta ao cavalo, trinta, trinta e cinco e ala por Portugal. Patrioticamente, e como quem não quer a coisa, quase que com a minha portuguesíssima furgonete Nissan Primera amassava as trombas a um Seat Marbella como forma de rendre hommage à indústria de panificação de Aljubarrota que ali merecia ser relembrada.
E eis-nos no Alentejo.
Relembro a canção patuleia - Margem Sul do Urbano Tavares Rodrigues e do Adriano.

Ó Alentejo dos pobres
Reino da desolação
Não sirvas quem te despreza
É tua a tua nação

Não vás a terras alheias
Lançar sementes de morte
É na terra do teu pão
Que se joga a tua sorte

Terra sangrenta de Serpa
Terra morena de Moura
Vilas de angústia em botão
Dor cerrada em Baleizão

Ó margem esquerda de Verão
Mais quente de Portugal
Margem esquerda deste amor
Tanto de fome e de sal

A foice dos teus ceifeiros
Trago no peito gravada
Ó minha terra morena
Como bandeira sonhada

Olho o casario rasteiro, de alma branca, os espaços sem fim… Mas deixemos
a poésia e falemos do que te interessa verdadeiramente: comes e bebes.
Pois, amigo Zé, deves começar por Terrugem, junto ao campo de futebol. Encontrarás o Bolota Castanha.


Recomendo-te as migas gatas e tempo, muito tempo, para degustares com
calma o cozido de grão no tarro alentejano. Dependendo do teu colesterol podes ir pela sericaia ou pelo sortido de doces conventuais.
Depois, podes passar pelo Fialho, em Évora, mas desse nem falo por ser por demais conhecido.

Em chegado a Beja não esqueças: “Os Infantes”. Local muito bonito, pede caça…







Depois, arrancas em direcção ao Escoural e perguntas pelo
Manuel da Azinheirinha.
As entradas são do outro mundo: Pimentos e favas com chouriço, Tomate com cação; Cogumelos com hortelã, ovos de codorniz, só para citar algumas... Ah, não esqueças os pezinhos de coentrada…




Para terminar: Maria do Alandroal.
Vai cedo e demora-te. Pede um finoso como abrideira e depois tinto do bom. Ficarás de bem com a vida, garanto-te.





Zé, fica em paz com a tua digestão. Dá notícias.