23.2.06

Povo do coq au vin e do riz au lait

Ó rapaziada, vocês não entrem em pânico mas, por uns dias – poucos, do meu ponto de vista - vou estar ausente. Por isso não estranhem se não me virem a beberricar ao balcão (porque de facto eu não bebo, beberrico) do café. Pois é, vou dar um salto até Barcelona.
Já ouço o Zé “Oh L., tás a viver bem, pá!”. “Tás a viver bem, o quê? Tás a viver bem, não! Tás a viver bem, não!” Para quem não perceba eu explico: é que quem ouvir o Zé, dizendo aquilo, sabendo que ele é administrador da empresa, falando assim para outro sócio administrador, até pensará que eu vou para Barcelona a expensas da firma, o L. descura o seu dever, enquanto ele, Zé, desditoso, se sacrifica pela dita. Nada de mais errado. Zé, tu sabes bem que da firma ainda não vi um tusto. Alguém vai ficar a berrar, que eu nestas coisas sou de antes morrer caloteiro do que tuberculoso mas, a firma, não.
E vocês? Vão onde?
Rogério, então vais até ao Carnaval de Estarreja? Carnaval muito jeitoso, segundo dizes, o Carnaval de Estarreja, e ainda por cima ao pé de casa, a gente já sabe. Pois, sempre se poupa algum.
O Zé tá-se mesmo a ver… Homem de decisões súbitas e repentistas já há muito se decidiu pela Mealhada, aí vai ele, vrrrrrrrr, não se vá acabar o porco (que ele julga ser leitão) e os ciclóstomos estão pela hora da morte.
E claro, o Carnaval faz-se por cá porque como dizem os nuestros hermanos é preciso ahorrar, que os pardaus não saltam de Cabeceiras para Penafiel, ou vós julgais que quê?

Pois é. Vou num voo low cost. - Lau quê? Perguntam vocês.
- Não é “lau”! É “lou”, “lou”. Diz-se “loucóste”. (c’est vachement dingue d’enseigner ces gars à la formation gauloise, bof). Quer dizer voos baratos porque o avião voa mais baixo (low) e rente à costa (cost); uma espécie de navegação à vista, de cabotagem. C’est compris? (Que raio de cara o Zé faz para o Rogério e vice-versa: se calhar continuam a não atinar.)
De modo que, pronto, vou na minha furgonete até Vigo, depois apanho o low cost e lá vou eu. O Hotel também é uma sodomia no sentido que à palavra deu um velho lavrador cá do sítio quando, pela primeira vez entrou num hall de hotel e viu os candelabros luminosos, os mármores, os sofás… “Isto está uma sodomia!”, disse ele. Que associação mental espantosa. Que expressividade. Somos, na verdade, um povo de poetas…
De qualquer modo o hotel tem Hifi, (AIFAI – Internet sem fios) por isso cuidadinho, porque embora eu confie no Zé, vou estar sempre com um olho no burro e outro no cigano… Attention à la tension que qui passe par Alcobace ne passe pas sans y revenir. (Continuo a não perceber a cara do Rogério para o Zé: parece que bebe!)

Saludos