16.2.06

Amigos, companheiros, palhaços…

Tenho passado junto ao Tróia, tenho dado uma espreitadela fugidia através das vidraças mas, a verdade, é que não tenho vislumbrado ninguém. Não tenho tido tempo para entrar nem sequer para dois dedos de conversa com o empregado músico.
Isto porque este Fevereiro tem sido aziago: o Glorioso enfarda três daquele a quem potterianamente não posso nem gosto de pronunciar o nome; de seguida vai à cidade do Liz e leva outros três… sofre coração… e ainda queriam vocês que eu aparecesse para ser vilipendiado nesse covil de dragões ressabiados? Não… Nem pó!!!
Mas como as coisas começaram a melhorar cá estou para dar ao serrote comme il faut.
É verdade que poderia levar uma vida mais tranquila se não fosse esta paixão vermelha que, de quando em vez, me assarapanta o coração, me azucrina os nervos. Bastava que fosse, por exemplo, como o Zé de Penafiel: sentava-me à boa maneira do Sá de Miranda, do alto de Duas Igrejas – neste caso Marecos, debaixo de uma cerejeira preta, não a ver correr pardaus em Cabeceiras de Basto mas a esgalhar umas trovas do género “Bailemos nós ja todas tres, ay amigas, so aquestes liquidamberes frolidos…” Que bonito! E a vida como um estorninho, saltitante, leda…
Já estou esguardando o Fernando como se fosse presente, donairoso, contemplando o seu tranquilo Jardim de Baco em hûa mão a pena (que não a pen), noutra a navalha dos enxertos erguendo a taça e exclamando:
- Que pomada!
(E todos vós: - Ó L., então o Fernando tem três mãos?)
Pronto. Já sabia… Quem se mete com esta tropa do Português sujeita-se.
- Oh pá, vocês não vêem que isto é uma liberdade poética? Então eu não sei que o Fernando não pode ter três mãos, pá?! Ele, se quiser, pode pousar no chão a navalha. A taça é que não!
Fernando. Que sorte a tua. Duas das mais nobres actividades numa vida só. Professor e Vinhateiro. Até fazes lembrar Platão, na República, aconselhando a que se beba uns copázios valentes para tirarem as “incomodidades, moléstias e enojos da vida." Que vida porreira!
E o Rogério? Pois é, ah pois é! Sabaticamente, “two step flows of communications” para aqui, “Paradigma de Lasswell” para ali… Fim do mês e a maçaroca na conta. Et on voit la vie en rose.
Só aqui o vosso amigo, sempre a cem, sempre de gazão, que a vida custa muito a levá-la direita, sofrendo as vicissitudes que atormentam as papoilas saltitantes.
E ainda querem que seja eu a vir ao café fazer as despesas da festa? Vá lá, apresentem-se ao serviço que o dever chama.

Já agora mais une invitation para uma bière à la manière. Parem em: http://www.brassens.info/ entrem em “Titres”, mandem tocar – Chanson pour l’Auvergnat ou Les Copains d’abord, se preferirem. (Para os mais morcões nestas coisas, basta carregar naquele coisinho que parece um altifalante)